De todos os homens que amei, três deles foram muito especiais. Os amores reais. Perdi todos eles, claro. Senão nem estaria por aqui escrevendo. Perdi, ou talvez eles me perderam pelo caminho.
Momentos diferentes, vivências diferentes. Mas todos compartilharam do mesmo sentimento de entrega e doação que é tão comum a mim. O sentimento foi sempre o mesmo, aquele forte e avassalador que depois, com algum tempo, se transforma em paz e aquela sensação de tropeçar em estrelas.
O primeiro me pegou de surpresa. Nunca imaginei que poderia acontecer, ele era bem mais do que eu em tudo. Via C como algo inatingível. Mas um dia aconteceu. Um encontro que se transformou em vontade, desejo forte, até que finalmente ficamos juntos e isso durou 8 anos. Ficamos noivos.
Foi o relacionamento perfeito. Nos entendíamos em absolutamente tudo, dos gostos por comida até passeios, música e isso tudo se juntava na cama. Era uma verdadeira sintonia. Vivíamos em êxtase diário, pura alegria o tempo todo. Éramos o casal perfeito, todos os familiares e amigos queriam estar junto com a gente pq formávamos mesmo uma boa dupla.
Mas como todo relacionamento longo, uma hora a coisa começa a desandar e por mais que tentássemos, foi inútil salvar o que não tinha mais chance de continuar.
E aí eu vivi o primeiro inferno. De tantas alegrias, fui ao fundo do poço com síndrome do pânico e depressão. Não via alegria em nada mais, então me dediquei tanto ao trabalho que tive estresse emocional. Fui parar no neurologista e saí de lá com algumas caixas de rivotril embaixo do braço. Obviamente melhorei, pq rivotril é mesmo um santo remédio se vc usa do jeito certo.
No meio de tanta "felicidade instantânea" acabei me envolvendo com o segundo amor da minha vida.
F foi um verdadeiro furacão. Uma paixão avassaladora nos tomou e era nítido que estávamos realmente envolvidos. Minha amigas olhavam pra ele e depois vinham comentar comigo sobre o jeito que a gente se olhava. Estava mesmo pulsando e exalávamos a mais pura paixão. Uma conexão forte e incrível.
Durou pouco, como todas as paixões, exceto pelo fato de que eu me envolvi demais. Entrei de cabeça como se F fosse mesmo me salvar do buraco emocional onde eu estava enterrada. Eu errei demais, apostei toda minha felicidade em outra pessoa e isso é um grande erro. Mas quem não comete erros quando está drogada? (Rivotril pode ser considerada uma forma de droga, certo?).
Não que eu esteja culpando o remédio, mas o momento que uma pessoa vive quando está deprimida envolve uma enorme lista de coisas que devem ser analisadas com calma e uma das coisas dessa lista com certeza seria "não se envolva emocionalmente com alguém pq vc poderá ter sérias consequências mais tarde". E as consequências foram que eu realmente me apaixonei e foi muito difícil me libertar, pois mesmo depois de nos separarmos ele continuava me procurando e isso foi péssimo, pq a cada encontro que eu cedia, por estar apaixonada, era mais um dia de dor e sofrimento. Eu queria me afastar de tudo aquilo, mas não conseguia e mais uma vez eu estava nos braços dele.
Depois disso eu entrei numa montanha russa de emoções e comecei a sair, beber, fazer coisas e eu simplesmente ficava com qualquer cara que aparecesse na minha frente. Foram muitas manhãs de ressaca seguidas de dor e tristeza. E ainda assim eu não conseguia parar. Fiquei doente, perdi minhas forças e aí eu decidi parar. Pq vc luta tanto para ter um pouco de alegria, para se encontrar e não consegue, até que chega uma hora que vc pensa: "mas pra que isso tudo? Pra onde eu estou indo?"
E eu parei, fui fazer o que eu faço de melhor. Voltei pra faculdade e fui estudar. Era a primeira aluna da turma e como eu amo estudar. Nessa época tudo estava equilibrado, trabalho, amigos, família. Até tive dois namorados que duraram menos de um ano cada. Depois do último, eu decidi que não ia mais me envolver com ninguém.
Fui trabalhar, comecei novas conexões, troquei de trabalho, construí minha casa, abri meu negócio de design gráfico e marketing digital. Tudo estava indo bem, até que chegou a hora de conhecer o terceiro amor da minha vida.
Conheci o D na internet. E tb pq éramos do mesmo ramo de trabalho e alguma vezes nos falamos ao telefone. Desde que o conheci criei uma leve atração, pq ele era bastante interessante e me atraiu logo de cara. Mas não levei em consideração, pq eu não estava mesmo querendo mais ninguém na minha vida.
Só que não adiantou fugir do destino e, bastante tempo depois, acabamos nos envolvendo. Ele trabalhava em outro estado, nossos encontros eram raros (e intensos). Eu não aguentei a onda da distância, dos ciúmes e rompemos. Foi tudo muito dolorido e eu não conseguia esquecer. Passava meus dias buscando outras atividades e tudo me lembrava ele. Foi foda, eu achei que nunca ia acabar aquele tormento.
Um anos depois eis que surge das trevas meu cavaleiro negro, numa mensagem de whatsapp perguntando como eu estava e me dizendo que não conseguia para de pensar em mim. Imediatamente uma chama se acendeu e aquele amor começou a latejar no meu peito. O que eu nunca imaginei que pudesse acontecer estava mesmo acontecendo. Tive muito medo, demorei seis meses até nos encontrarmos de fato. E engrenamos um namoro bem conturbado, pq eu sempre me senti insegura por ele estar longe.
Nos separamos 3 vezes. Na última, decidi não ter mais medo, resolvi encarar mesmo pois ele sempre vinha me procurar e eu estava muito apaixonada. Eu tive depressão de novo nesse tempo e ele foi muito importante pra mim, pois me encorajou a fazer terapia. Eu tinha medo, não sabia se teria coragem e ele foi decisivo a me convencer a tomar a melhor decisão da minha vida: ir para terapia.
Tudo mudou, as coisas ficaram claras e iluminadas. D foi mesmo muito especial e apesar de todos os nossos tropeços, as coisas estavam indo bem. Eu me sentia segura e amada. Depois de um ano, fui observando que não era exatamente aquela beleza toda... O cara era um tremendo "cafa". Comecei e pegar várias cantadas que ele dava em outras garotas nas redes sociais. Aquilo me machucava demais, mas na terapia eu estava aprendendo a respeitar o espaço do outro e ter a minha própria liberdade para além do relacionamento, então deixava pra lá.
Eu ainda não entendi em que ponto isso se perdeu, como as coisas foram definhando. Ele fazia parte da minha vida, mas eu não estava na dele - hoje eu entendo que nunca estive. Comecei a cobrar mais a presença dele e tantas conversas não chegavam a lugar algum. Começamos a brigar e as poucas vezes que nos encontrávamos era um sentimento estranho, eu não sabia quem era aquele cara que estava dentro da minha casa. Eram muitas histórias, muitos problemas, muitos motivos que me colocavam em segundo plano sempre, então comecei a cansar daquilo. Eu estava presente pra ele (ainda mais porque eu testava determinada a fazer aquilo dar certo) mas ele raramente estava presente pra mim.
Um belo dia, recebo uma mensagem pelo whatsapp. Uma carta poética escrita em PDF terminando nosso relacionamento. Eu estava tão exausta de sofrer e de me sentir sozinha na relação que nem tentei reverter. Respondi com um sincero "tem certeza?" e deixei as coisas fluírem para o esperado gran finale.
Hoje eu penso que, se existe amor, ele não é pra mim. Desisti.
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