sexta-feira, 6 de novembro de 2009

LABIB | Pinturas e Esculturas de Beth Abi



Hoje, às 20h, no Centro de Cultura Estação das Artes, em Barra Mansa/RJ, inaugura a exposição "LABIB - pinturas e esculturas de Beth Abi" com curadoria do meu querido professor Ronaldo Auad e presença da Camerata – concertos didáticos.


Esta exposição configura-se em mais um capítulo da história escrita a partir do fascinante repertório imagético, das experiências, sentimentos e a cultura da talentosíssima artista Beth Abi. Nesta mostra percebe-se a forte gestualidade que se inscreve nas “frases” construídas por ela. Nas esculturas é possível perceber a presença de signos que nos remetem rapidamente, porém com imensa suavidade a outros momentos.  Estranhos ou não. É um desvelar de tempo, espaço, sentimento... pessoas. Estranhamento, solidão, força e coragem, constroem o universo de Beth Abi recheado por histórias e experiências de mulheres que tomam em suas mãos as rédeas da vida e transformam as adversidades em sabedoria.




Tenho uma busca híbrida no ontem e no hoje, no velho e no novo, calcada na afetividade, na dúvida, na saudade e no amor.
Labib era o nome de minha avó materna de quem sou a neta mais velha, e sempre desfrutei do privilégio de ter sido a primeira. Ela se encarregou de passar-me as histórias de família, segredos e conselhos, despertando em mim um imaginário lúdico e pictórico.
Na cidade de Bananal, no interior de São Paulo onde ela tinha loja, fez-me conhecer e encantou-me com a magia das texturas e cores em diferentes tecidos.
Era uma mulher comum, que tinha dentro de si outras mulheres determinadas como as Marias, Luzias e Rosas da vida, que lutam para ver a casa e os filhos em rotinas que lhes proporcionam prosperidade e saúde.
A simplicidade no olhar, no gesto e no requinte sedutor dos cheiros e gostos das comidas, mesas impecavelmente arrumadas, com toalhas de crochês ou em bordados, que sempre me fascinaram, caracterizam o universo de Labib.
Ela tinha a aceitação nas horas das perdas impostas pela vida, sem perder o centro, a maturidade, a sabedoria (labib), a delicadeza, a generosidade, ligadas a um passado em terras orientais e um presente em terras paulistas, como goiabada com queijo.
Os estranhamentos culturais tinham fragrâncias de hortas, flores e frutos. A solidão transformava-se em histórias frágeis que acalentavam a alma e davam força para continuarmos. No ciclo da vida renovamos com experiências ou observações do velho, repetimos os gestos, construímos e desconstruímos em bases passadas para recriarmos uma nova estrutura com firmeza e confiança.
Labibs são todas as mulheres sábias, silenciosas e corajosas que desbravam o desconhecido sem perder o tom, a força, unindo a família e confiando que tudo vai dar certo, os desejos e as escolhas, ora veladas, ora explicitas em um novo destino.
Viva a mulher que consegue sonhar e transformar nas adversidades.

Beth Abi 

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