sábado, 23 de julho de 2011

O retorno do desejo proibido

Louise Bourgeois (Paris, Dez/1911 - Nova Iorque, Maio/2010) foi uma artista plástica conhecida no Brasil por sua escultura "Maman", uma enorme aranha que permanece em exposição no MAM-SP, na marquise do Parque Ibirapuera.

Fortemente influenciada pelo surrealismo, pelo primitivismo e por escultores modernistas como Alberto Giacometti e Constantin Brancusi, seus trabalhos tendem a ser abstratos e altamente simbólicos, e estão presentes em vários espetáculos e coleções permanentes em museus ou galerias pelo mundo fora.

A arte de Louise Bourgeois não despreza a intensa referência ao sujeito. Retira a mulher da zona da sombra da história da arte. E esse sujeito da arte é uma mulher. Depois de Bourgeois, o universo da arte já não será de mulheres no mundo dos homens, nem têm de falar aí a linguagem dos homens, mas tornar presente seu próprio desejo. Moda e roupa são partes de um código identificado com o feminino.

Sem dúvida, um programa impredível! E pra mora no estado do Rio, vale a pena esperar, pois a exposição vem pra cá em seguida.

Beijos
Cintia
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Maior mostra de Louise Bourgeois chega ao Instituto Tomie Ohtake
Em: 20/07/11

Traduzir em uma palavra a exposição de Louise Bourgeois, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, é impossível. A que chega mais perto, no entanto, é potência. Potência de vida, das inquietações do inconsciente e dos traumas mais aparentes transfigurados em arte. Com curadoria de Philip Larratt-Smith, a mostra intitulada “Louise Bourgeois: O Retorno do Desejo Proibido” é a maior já realizada no país, reunindo 112 obras, produzidas entre os anos 1942 e 2009, e fala sobre a relação do trabalho da artista com a psicanálise.
"Rejeição" (2001)

Nascida em Paris, em 1911, e passando grande parte de sua vida em Nova York, Bourgeois é uma das mais importantes artistas do século XX. A dimensão autobiográfica, as fissuras do corpo e da mente e as relações familiares são o fio condutor de sua investigação, como na obra “Maman”, uma aranha gigante que representa a sua mãe e está em exposição permanente no MAM do Parque do Ibirapuera.

Para quem conhece a obra, ou conseguiu imaginar, o tom opressor é o que ronda seus arquétipos femininos, as fórmulas fálicas discutem a presença e o fantasma do pai (o Édipo não resolvido?) e o corpo nu expandem-se para as séries de esculturas em fibra de vidro, tecido, látex, couro, borracha e bronze. Este último, material escolhido para a fortíssima “Arco da Histeria” (1993), um corpo sem cabeça, em que as mãos e os pés quase se juntam em uma torção agonizante.

“Arco da Histeria” (1993)
 Em outra sala do Tomie Ohtake, o fôlego do expectador é novamente surpreendido com a instalação “Spider” (1997), em que outra aranha gigantesca fica suspensa sobre uma jaula que, entre outros objetos, abriga uma cadeira vazia:

"Spider"
Menos impactante em um primeiro olhar, mas de uma força imensa, são as séries em guache vermelho sobre papel, “A alimentação” (2008) e “Maman” (2009). Suportes novos na trajetória da artista, que tem as esculturas como sua principal forma de expressão. Tais pinturas mostram seios que amamentam, mas ao mesmo tempo sufocam e ameaçam.

"Alimentação"

"Maman"

Outra questão que essas séries trazem à baila é a vitalidade artística que acompanhou Bourgeois até o fim de sua vida (a artista faleceu em 2010, aos 98 anos), e o fato das inquietações sobre feminino e da maternidade permanecerem como algo em aberto.


“A arte é uma garantia de sanidade”, disse certa vez. Foi esta frase, e as muitas outras encontradas em escritos e correspondências datadas de 2004 a 2010, que revelaram a linha estreita de Bourgeois com a psicanálise e motivaram o curador Philip Larratt-Smith a escolher tal recorte para a exposição, que já passou pro Buenos Aires e depois segue para o Rio de Janeiro. Experiência catártica do fazer e do descobrir a obra de arte.

A exposição

Com 112 obras provenientes do Louise Bourgeois Studio, a exposição, com curadoria de Philip Larratt-Smith, apresenta um amplo panorama da obra de uma das mais ilustres artistas do século XX. Baseada na descoberta, após a sua morte em maio de 2010, de um arquivo, com mais de 1.000 anotações, entre escritos e correspondências, a exposição debruça-se sobre o legado psicanalítico de sua obra.



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“Louise Bourgeois: O Retorno do Desejo Proibido"
Onde: Instituto Tomie Ohtake - Av. Faria Lima, 201, Pinheiros - SP
Quando: 08 de julho a 28 de agosto de 2011
Horário: de segunda a domingo, das 10h às 18h.
Quanto: grátis
Contato: (24) 3323.0496 | estacaodasartes@bol.com.br

Grátis

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